Na quermesse da miséria, fiz tudo o que não devia: si os outros se riam, ficava séria; si ficavam sérios, me ria.
(Talvez o mundo nascesse certo; mas depois ficou errado.Nem longe nem perto se encontra o culpado!)
De tanto querer ser boa, misturei o céu com a terra, e por uma coisa à-toa, levei meus anjos à guerra.
Aos mudos de nascimento, fui perguntar minha sorte.E dei minha vida, momento a momento, por coisas da morte.
Pus caleidoscópios de estrelas, entre cegos de ambas as vistas. Geometrias imprevistas, quem se inclinou para vê-las?
(Talvez o mundo nascesse certo; mas evadiu-se o culpado. Deixo meu coração - aberto, à porta do céu - fechado.)

Cecília Meireles (1901-1964)

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